Monday, November 22, 2010

"O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever..."

Esta é a abertura do discurso de recebimento de um Prêmio Nobel.

No discurso o laureado referia-se a seu avô.

Como nosso Exmo. Sr. Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, os pais do laureado também eram muito pobres e analfabetos (dormiam com os porcos para esquentá-los - aos porcos - com medo que perecessem no inverno, seu único sustento).

Como nosso Exmo. Sr. Presidente, o laureado com o Nobel acima, somente logrou conquistar em toda a sua vida um único diploma, um diploma de ofício como é o mesmo caso do nosso Exmo. Sr. Presidente e, para ainda maior coincidência, ambos os diplomas são de "Mecânico".

O do nosso Exmo. Sr. Presidente, como sabemos, é mui dignamente de "Torneiro Mecânico" enquanto é de "Mecânico de Automóveis" o único diploma do Sr. José Saramago, único filho do nosso idioma laureado com o Prêmio Nobel.

Do nosso "Mecânico" deste lado do Atlântico já fomos laureados com O Melhor Governo da História e ele com o fato de já ter sido O Presidente do Brasil mais laureado, respeitado e influente em todos os tempos mundo afora, apesar de jamais se ter descuidado, por um instante sequer, da defesa firme - e muitas vezes tensa - dos interesses nacionais indo ainda além, ao ocupar o espaço que renegamos por séculos de liderança na defesa dos interesses continentais e hemisféricos.

Ao final do seu segundo e exitosíssimo mandato o Exmo. Sr. Presidente ainda nos presenteia com um caso raro - senão único - de democracia meritocrática na história da política, ao fazer sua sucessora (pela magnitude de sua liderança e grandeza de seus pares políticos históricos) o primeiro Servidor Público de Carreira a se eleger Presidente pela sucessiva promoção de um cargo para o cargo imediatamente acima. Um fato de grande valor simbólico para todos que servem ao nosso País.

Entretanto, o imenso legado do Exmo. Sr. Presidente (o primeiro que faço questão de chamar sempre assim) terá sido ainda maior que tudo isso.

Terá sido ele mesmo, sua história, seu comportamento, seu exemplo...

Mas, infelizmente, toda evidência do mundo não parece suficiente para arrefecer a ira cega do preconceito...

Ainda ouvimos - e não pouco nem isoladamente - as mesmas palavras estúpidas que ouvíamos quando da sua primeira candidatura há mais de 20 anos.

Palavras que não mereciam ser ditas nem ouvidas àqueles tempos.

Palavras que carregam ainda menos inteligência, humanidade e respeito ao Brasil e seu povo, quando repetidas ainda hoje.

Palavras como algumas que ele cita no desabafo que faz no comício a seguir (aliás, acho que esperei ansiosamente 20 anos e 10 votos para Presidente somente para ouvir este desabafo) com todas as licenças de descontração naturais a um comício e com o seu jeito único que mesmo num desabafo forte, firme, convicto, sincero e verdadeiro, consegue ser leve e até bem humorado.



Ele nos deu a exemplaridade da sua história e a incontestabilidade dos fatos...

Mas ainda caberá a nós todos, insistirmos, persistirmos em difundir e sedimentar estas verdades por mais óbvias que elas sejam!

A ira cega do preconceito é cega demais para, pelo menos, querer enxergar.

E são exatamente sobre esta mesma cegueira, as sábias palavras do nosso outro amado "Mecânico", o d'Além-Mar, ao encerrar aquele seu mesmo discurso (que entitula este texto), ao receber o Prêmio Nobel:



"Cegos. O aprendiz pensou: "Estamos cegos", e sentou-se a escrever o Ensaio sobre a Cegueira para recordar a quem o viesse a ler que usamos perversamente a razão quando humilhamos a vida, que a dignidade do ser humano é todos os dias insultada pelos poderosos do nosso mundo, que a mentira universal tomou o lugar das verdades plurais, que o homem deixou de respeitar-se a si mesmo quando perdeu o respeito que devia ao seu semelhante. Depois, o aprendiz, como se tentasse exorcizar os monstros engendrados pela cegueira da razão, pôs-se a escrever a mais simples de todas as histórias: uma pessoa que vai à procura de outra pessoa apenas porque compreendeu que a vida não tem nada mais importante que pedir a um ser humano. O livro chama-se Todos os Nomes. Não escritos, todos os nossos nomes estão lá. Os nomes dos vivos e os nomes dos mortos.

Termino. A voz que leu estas páginas quis ser o eco das vozes conjuntas das minhas personagens. Não tenho, a bem dizer, mais voz que a voz que elas tiverem. Perdoai-me se vos pareceu pouco isto que para mim é tudo."

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