Saturday, June 19, 2010

A Falsa Democracia (por José Saramago) e a força do Brasil




Existe, já há algum tempo, uma crescente concretização da busca possível por "verdadeirizar" ainda que pouco a pouco essa democracia.

Nos últimos anos, sob a liderança do Presidente Lula e a impressionante (porém invisível para nós) mobilidade do Ministro Amorim nos subterrâneos e entranhas da ONU e adjacências o Brasil exerce um papel ainda maior do que aparenta nessa busca.

Por mais que o velho Complexo de OsicraN (Narciso ao contrário), de vira-latas, e a vocação para mulher de malandro gritem "não", o Projeto Brasil é sim essencial para o Projeto Mundo.

E sem Projeto Mundo, tudo continua igual, tudo por aqui continua quintal.

Defender (ponderadamente como foi feito, é claro) a soberania iraniana, por exemplo, não tem nada a ver com defender o Irã (o que aliás não teria nada de errado).

Significa nos defender a nós mesmos.

"Nunca na história desse planeta" pudemos construir oportunidades tão possíveis de fazermos da Linha do Equador algo realmente mais próximo de uma linha imaginária e não um talho profundo jorrando sangue das vísceras do Sul.

Mas preocupa muito quando ouvimos discursos subalternos sobre a "aproximação do Brasil com ditaduras...".

Qualquer meio bilionésimo de milímetro de distanciamento crítico não oferece o mínimo suporte lógico ou moral a este tipo de análise.

Queira-se ou não, goste-se ou não o Irã é a coisa mais próxima que existe de democracia em toda sua região.

E, hoje, diante da irresponsabilidade gigantesca da auto-proclamada "Comunidade Internacional" que não chega a 30% da Comunidade Internacional, a única opção responsável e coerente que vejo restar ao Presidente Ahmadinejad como líder de seu país, será apressar ao máximo possível a produção e preparação de suas ogivas nucleares.

Seria isso que eu esperaria ou, melhor, exigiria do Governo do meu país não para atacar ninguém mas como única salvaguarda razoavelmente segura visto meu país ser grande e rico, localizado numa região tensa, absolutamente cercado por ogivas nucleares inimigas (de países nucleares ou ocupados por países nucleares) e tendo há pouquíssimo tempo assistido a um horrível filme que se passou e passa até hoje no país vizinho e que começou igualzinho igualzinho.

O Irã não ataca ninguém há 200 anos e há 60 vivia uma democracia vibrante que foi destruída exatamente por estes países que o acusam de ditatorial.

É muita hipocrisia para um mundo só.

Mudando o continente, o Presidente Chávez pode ter perfil ditatorial e ser isso e aquilo mas não conheço nenhum outro Chefe de Estado no planeta que tenha enfrentado sucessivamente tantas eleições e todas com supervisão internacional.

Quando ele der um golpe de estado ai nós o tratamos como ditador.

Por enquanto, ele somente foi vítima de uma tentativa.

E que o povo da Venezuela o avalie soberanamente lá por suas besteiras.

No caso da Bolívia, vejo as insinuações como asquerosas.

Por fim, o Governo do Brasil vem mantendo um distanciamento extremamente balanceado de todas as partes e progredindo muito - dentro do quase impossível - na hercúlea tarefa de ser talvez o principal líder na evolução para uma governança global mais equânime.

Eu via estas eleições como algo para nos orgulharmos com candidatos de valor por todos os lados.

Hoje, fecho questão e de forma totalmente radical.

Se fosse dado ao mesmo chantagismo, hipocrisia, relativismo moral e preconceito faria como os empresários quando disseram que se mudariam no caso da eleição do candidato Lula.

Contudo, desta vez a questão seria muito mais grave.

Eu diria que mudaria sim mas de Planeta no caso de uma não eleição da Ministra Dilma.

Em memória, até, do meu amado José Saramago.

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