Nesta última campanha, como nunca em intensidade por mais de 20 anos, o odor de um Brasil mal-cheiroso se fez escapar e espalhar dos esgotos da arrogância, da soberba, da ganância, da intolerância, da segregação, da desfaçatez, do preconceito, do ódio, da burrice.
De uma espécie de gente que não quer seu País, que não quer entender seu País, que não vê a grandeza de seu País e, acima de tudo, a grandeza, a beleza e a unicidade de sua Gente. Uma Gente da qual - queiram ou não - fazem parte, mas insistem em pensar ou insistem em não fazer. Preferem pensar serem e pertencerem ao alheio.
Para estes, contudo, já me basta uma única frase:
"quem tanto persiste em fixar-se no alheio, 
só pode tender a ladrão".
Entretanto, desde o fim do 1º Turno, um fato, um único fato, catalizou meu mal-estar, enfiou-me numa angústia de dar dó e, ao mesmo tempo, me carregou de sentimentos opostos como ira e angústia, disposição para a luta e uma tristeza quase depressiva, fé no Brasil e nos brasileiros e desprezo pelo ser humano.
Acredito que isso se passou comigo por dois motivos principais:
1. Por se tratar não mais de palavras na boca de um candidato, comportamentos de meios de comunicação etc, mas de um fato concreto, com trâmites objetivos e desfecho factual: denúncia, processo e sentença. E tudo baseado nas premissas horrendas advindas do fedor vazado dos esgotos como citado acima. E o tema em si representando a própria síntese essencial das referidas premissas.
2. Por ter sentido uma imensa vontade, por ter sentido mais que uma imensa vontade um visceral e urgente senso de obrigação, de pôr minha voz à luta, à disposição, de gritar minha indignação, de me alinhar aos humanos. Sei que minha voz é rouca e são muito poucos os ouvidos à minha volta. Sei que meu texto é mal escrito e pouco lido. Mas a questão é outra. Não estaria escrevendo para mim mas para meu País e em nome do senso de pertinência, da consciência de pertencer e de livremente nos pertencermos que nos faz um País, único caminho que nos pode fazer e manter grandes. E estar ausente, ficar calado, não participar, significa enfim fazer parte de nada e egoísticamente ter tudo aquilo que o nada pode oferecer. Enquanto gritar mesmo que silente, participar mesmo que invisível, significa guardar para sempre no inviolável altar de sí próprio toda a grandeza de uma História com o valor e a grandeza de 200 milhões. Mas nada, nem todo o tempo, nem todo o esforço do mundo me fez conseguir expressar algo que me parecesse claro, útil, digno de ser expresso. A frustração frustrou minha capacidade de ação. E frustrado fiquei. E frustrado continuei. Até que...
Até que... me salvou o Sr. VANRAZ.
O Sr. VANRAZ, no seu texto, expressou tudo o que eu queria - e muito mais - com uma precisão cirúrgica, uma firmeza equilibrada e um brilho luminoso que molharam meus olhos para lavarem minha alma. E me trouxe, leve e novo, de volta à lida.
Tudo o que eu queria ter dito, muito mais e melhor do que eu o teria.
É o texto que orgulhosamente transcrevo agora.
Aliás, com um sincero pedido de desculpas pelo longo "intróito" acima, visto que o texto abaixo é o que diz tudo.
Terá sido minha comemoração (o "intróito" acima) pelo desabafo do Sr. VANRAZ (abaixo) que me "desabafou" junto.
Sugiro ainda, caro leitor, que o leia direto no original, no Blog do Sr. VANRAZ que é simplesmente excelente!
De qualquer sorte, segue o link do Blog do Sr. VANRAZ:
E segue a transcrição do texto que me salvou:
A APROVAÇÃO DO POVO 
PRECISA SER APROVADA
Desabafo!
O Quê? Não estão satisfeitos com a prova de que o Tiririca não é analfabeto?
Por que estão fazendo isso com esse cidadão?
Quando alguém lava o rosto e cospe na podridão da política deste país  é porque é analfabeto? Ignorante, imbecil? Quem faz isso não pode ser  deputado? Por que os anões do orçamento puderam? Roberto Arruda foi pego  recebendo dinheiro, ele era analfabeto, ele era palhaço?
Que mal esse comediante fez? Só porque traduziu a voz do povo em sua campanha ele não pode ser diplomado?
Quem nunca ouviu aquelas frases ditas por ele em cada esquina desse  país? Será que não aprenderam com o iluminado Luiz Inácio Lula da Silva  que não devemos esconder o lixo embaixo do tapete?
Somos um povo livre! Nossa opinião não pode ser reprimida! Já não bastam os terríveis anos de ditadura?
Eu nunca vi candidato que tenha mais a cara do povo do que o  Tiririca. Eu nunca vi a voz do povo tão bem traduzida quanto nas  palavras daquele comediante. Comediante, diga-se de passagem, que foi  chamado de “palhaço”. Quem é “palhaço”? Quem fez palhaçada nessas  eleições? Tiririca foi o único que não fez palhaçada! Foi o único que  não gozou com a nossa cara! Foi o único que não tentou nos enganar! Foi o  único verdadeiro!
Ele brincou com os políticos e a política, coisa que fazemos no  dia-dia e que temos vontade de fazer isso para um auditório maior e não  temos oportunidade.
O que ele fez foi uma crítica  que considero construtiva.  CONSTRUTIVA!! Cada político deve agora descer do palanque e tentar  mostrar para o povo que o desenho que o Tiririca mostrou deles não vai se  repetir!
Agora virou moda chamar os outros de analfabeto. Oh! Que grande coisa  ter um título universitário!! Que grande coisa ser um doutor letrado!  Que grande coisa ser um intelectual! Que grande Coisa!!!!!!! Não defendo  aqui de maneira alguma o analfabetismo. Não é isso. O que não tolero é o  uso dessa palavra como meio para discriminar,  para menosprezar as  pessoas, para ofendê-las, constrangê-las.
Tenho dois cursos superiores e estou fazendo um terceiro nem por isso  sou melhor do que ninguém. Graaaaaaaande coisa está formado e agir como  um brutamontes quando valoriza excessivamente um título e agride os  humildes!!!!! Não sou nem melhor nem pior do que ninguém. Mas eu poderia  me questionar e tenho argumentos de sobra para isso. Quem sou eu no  meio do povo? O que fiz com todos os meus títulos pelo benefício do meu  povo? Tenho certeza de muitas coisas:
Eu não equilibrei as contas do meu país! Eu não tirei milhões de  brasileiros da miséria! Eu não quitei a dívida com o maldito FMI! Eu não  ampliei as Universidades nem as escolas técnicas! Eu não acabei com as  palafitas de Brasília Teimosa, no Recife! Eu não gerei 15 milhos de  empregos! Eu não construí plataformas de petróleo! Eu não reergui a  indústria naval brasileira, os estaleiros do Rio de Janeiro e nem  construí novos estaleiros em Pernambuco! Eu nunca fui chamado de “o  cara” nem pelo porteiro! Eu não fiz o Bolsa Família! Eu não ajudei os  estudantes pobres deste país a entrarem nas universidades públicas e nas  particulares com tudo pago! Eu nunca pensei em zerar a alíquota do IPI  para as pessoas comprarem veículos e ajudar meu país a não entrar na  crise mundial! Eu nunca conseguiria fazer o sonho de D. Pedro II de  fazer a transposição do Rio São Francisco sair do papel! Eu nunca criei o  PAC para gerar emprego e renda para meus irmãos brasileiros. Eu não  ganhei diversos prêmios e reconhecimento internacionais! Eu nunca teria  nem pensado em fazer a ferrovia Transnordestina! Eu não criei o programa  minha casa minha vida! Eu não fiz novas hidrelétricas para evitar o  apagão em nosso país! Eu não conquistei a realização da Copa do Mundo e  das Olimpíadas para o meu país!
Meu deus, são tantas coisas que eu não fiz! O que é que eu fiz nesses meus quarenta anos pelo meu país?
Vocês pensam que eu estou triste com isso? Eu não estou. Eu fiz muito  pelo meu país. Eu ajudei a eleger a pessoa mais criticada e acusada de  ser cachaceiro e analfabeto neste país. Eu tenho a honra de dizer para  meu filho que ajudei a colocar no comando central do meu país o maior  presidente da República que esse país já teve: O NADA MAIS NADA MENOS  QUE O EXCELENTÍSSIMO SENHOR LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, a quem sempre  considerarei, até a morte, como sendo MEU LÍDER!
Não defendo o Tiririca, defendo a democracia, a vontade do povo. Ele foi escolhido, então cumpra-se a vontade popular.
Se ele não atender às expectativas do eleitorado de São Paulo, então  que se esperem novas eleições. Se ele cometer algum erro ou ilegalidade  no exercício de suas funções, então que se cassem o seu mandato. No  momento o que eu e mutos civilizados esperamos é que as leis sejam  cumpridas, que a vontade do povo seja respeitada, pois, o Poder emana do  povo.
VANRAZ