Tuesday, December 7, 2010

O último texto (dinamite pura) de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, antes de ser prêso. E antes do próximo, em breve, espero.

Go To The Published Original @ The Australian
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JULIAN ASSANGE ESTÁ PRESO.
MAS A VERDADE ESTÁ SOLTA.
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Veja também: > Big ou Brother? Acorde e Escolha! VÍDEO ENTREVISTA WIKILEAKS (Julho/2010) > Assange explica importância do Wikileaks, Imagens Chocantes (Iraque) e "Premunição" sobre O Que Está Acontecendo!

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O Editorial-Opinião a seguir foi publicado na Austrália, sua terra natal, aproximadamente ao mesmo tempo em que Julian Assange se entregava para sua detenção em Londres. 

O jornalista é, enfim, estratégicamente impressionamente.

Vale ainda ressaltar alguns pontos:


1. No mínimo, e talvez tão somente por ser conterrâneo ou para tentar puxar a memória do sujeito, é bastante interessante - para não dizer provocativa - a referência feita por Julian Assange a Rupert Murdoch, visto este último ter se tornado o mais perfeito anti-herói, ícone antítese, antônimo exato, modelo reverso de tudo o que o primeiro defende, prega e vem fazendo.

Murdoch, ao comando do seu imensurável Império da Informação que vai da Fox (TV, cinema e muito mais), The Wall Street Journal, MySpace e inúmeras partes ou inteiros de empresas individuais e/ou conglomerados de mídia mundo afora, incluíndo sua participação na Sky e no canal Telecine no Brasil, se tornou um símbolo mundial do jornalismo de interesses ou massacre ao jornalismo, por outra perspectiva, o que lhe valeu o premiado documentário "OUTFOXED: Rupert Murdoch's War on Journalism".


2. Este humilde blogueiro já havia lido, visto ou assistido e/ou teve o cuidado de conferir cada uma das afirmações que Assange faz no seu texto, sendo todas absolutamente irrefutáveis. Quanto às ameaças eu as assiti a todas. Quanto às informações dos documentos, bem, estas foram os próprios diplomatas americanos que escreveram.


3. Quanto ao prometido, vem sendo cumprido. Ainda hoje, Julian Assange provavelmente já nos braços do "Morfeu das Prisões" se é que isso existe (mas certamente com a consciência tranquila), foi divulgado mais um "carregamento" de documentos, entre os quais cerca de duas dezenas com citações ao "Brazil", emitidos a partir do Consulado no Rio de Janeiro e em boa parte concernentes à Segurança Pública.


4. Antes do caso atual, Assange já havia assombrado o mundo com a divulgação de documentos sobre a atuação das forças da OTAN no Iraque e Afeganistão, o que revelou inimagináveis abominações mesmo para as mentes mais maquiavélicamente férteis e iniciou a relação de "amôr explícito" para com sua pessoa, por parte dos Departamentos de Estado e Defesa bem como das agências de inteligência, assemelhados e coligados tanto nos Estados Unidos como nos seus aliados, alinhados ou "sublinhados".


5. São posteriores a este período as acusações de abuso e estrupo supostamente praticados por ele na Suécia.

Vale, ainda, ressaltar que as palavras acima - exaustivamente usadas pelos nossos meios de comunicação -  não correspondem em significado à realidade legal da maioria dos países não escadinavos. 

O caso, enfim, se trata da manutenção de relações sexuais sem o uso de camisinha o que, na Suécia, pode ser enquadrado na Lei de Estupro. Este humilde blogueiro pretende obter informações mais esclarecedoras sobre a legal pendenga nada "legal".

Entretanto, isso não justificaria nada. Se ele se recusou a atender ao pedido das parceiras, se ele "forçou a barra", ou forçou algo mais, que pague por isso.

Mas... por isso.

E que se averigue com cautela se não houve nenhuma intenção de exploração reversa do fato e se, realmente, houve fato.


6. Em paralelo, se alega que não há precedentes na solicitação de cooperação e/ou emissão de mandado de busca internacional, envolvendo Interpol, neste tipo de casos.

Tanto que, ao contrário do que se faz parecer, Assange não foi "caçado e prêso" mas apenas negociou e se entregou.


7. O Acórdão da Suprema Côrte a que Julian faz referência - como sempre, muito oportuna - ao final do seu texto, diz respeito a um caso precedente de extrema semelhança com o atual "WikiLeaks' US Diplomatic Cables".

Trata-se do que ficou conhecido como "The Pentagon Papers", iniciado em 1971, quando Daniel Ellsberg - economista por Harvard, ex-militar e diretamente ligado à Inteligência dos EUA - indignado com a atuação e a persistência na demência (quase que, "OTAN-afegã", fazendo aqui um paralelo os dias de hoje, 40 anos depois), decidiu começar a "vazar" ("leak" que dizer "vazamento"), junto ao jornalista Neil Sheenan do The New York Times, o mais secreto dos documentos dos Estados Unidos à época. 

Em março de 1971, Ellsberg disponibilizou para o jornalista a primeira remessa (para se ter uma idéia da quantidade de informações) com 40 volumes do extenso relatório do Departamento de Defesa sobre as relações e intromissões dos EUA no Vietnã desde 1945 (quando o Vietnã apenas queria sua independência, e dos outros) até 1967.

Estava lançada, pela primeira vez na história, alguma luz mais esclarecedora sobre os usos e abusos do Estado Conspirador - Infiltrado e Subversor da Ordem e Soberania Alheias, a qualquer custo (pago pelos outros povos, é óbvio), e Totalmente Bélica e Miltarmente Focado e Dirigido - que os Estados Unidos da América se tornaram, especialmente após a 2ª Guerra Mundial.

Outros militares, agentes da Inteligência, jornais e grande parte da Sociedade Civil não só se sodalizaram como entraram na luta, dividindo o esforço com Ellsberg.

A maratona pela sanidade ganhou novo fôlego na "guerra" pela paz, no esforço para pôr fim àquela Guerra insana.

Uma Guerra, porém, não menos insana que as que continuam em andamento agora, exatamente agora, inapelável e inadiávelmente agora, enquanto Julian Assange jaz na cadeia, todos nós gastamos nossos teclados e salivas em discussões inúteis sobre a psicologia do "vazador", dos canos, dos furos e dos "vazados", enquanto sonhos continuam a vazar por entre as mãos de milhões de pessoas, pessoas e famílias (inclusive irmãs/ões estadunidenses) continuam sofrendo ou parando definitivamente de sofrer via morte (apesar de tudo, não desejada e, muito menos - tal qual a "Democracia do Iraque" -, não solicitada) e, enfim, enquanto este humilde blogueiro escreve seu texto para talvez ninguém).

É impressionante como a História gira sem sair do lugar por muito e muito tempo seguidamente. 

São precisos sempre "loucos" e "irresponsáveis" (ou líderes, como os "anafalbetos" e "ditadores" do nosso Continente - pois tenha a certeza de que uma coisa precipita a outra e tudo está inteligado, como nós via essa Rede, tudo ao mesmo tempo agora)  para que todos - como na mitologia recente ou na fraseologia da Revolução Chinesa - para que todos batamos os pés ao chão todos ao mesmo tempo e que a História desloque, ao menos um pouco, seu eixo.

Impressiona pois a similaridade - diferenciada somente pela tecnologia disponível em cada época - tanto dos fatos motivadores, gatilhos detonadores, causas e interesses envolvidos bem como as ações, reações, manhas, artimanhas e a movimentação dos atores como num tabuleiro de xadrez. Com certeza, o bom enxadrista, o estudioso - neste caso, o conhecedor profundo da história recente -  já deve ter em mente os próximos lances deste desumano humano jogo de poder e querer a verdade. Com a consciente ressalva, é claro, de que o jogador muda o jogo e existe jogador consciente também do outro lado.

Assim que a informação do vazamento vazou, o The New York Times recebeu um aviso de que estava proibido de publicar uma linha sequer sobre o assunto.

Máquinas rodando, o primeiro artigo foi para as ruas em 13 de junho de 1971. 

Prevendo céus de chumbo, o Senador Democrata pelo Alaska, Mike Gravel, deu entrada em mais de 4.000 páginas do relatório nos registros de uma Subcomissão sem nenhuma imaginável possível ou impossível relação com o assunto (como se eu protocolasse, por exemplo, o atestado de óbito de minha tataravó na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado da República).

Com isso, o Senador conseguiu, simples e silenciosamente, como desejava, que os Papéis passassem a existir oficialmente.

Escondidos, "invisíveis", mas prontos param serem "sacados" assim que os inimigos sacassem suas armas na desqualificação do jornalista ou na qualificação do primeiro artigo como ato político, de vingança ou loucura, como um acesso de paranóia.

Mais ou menos o que Julian Assange e sua empresa vêm fazendo em colaboração com os jornais que o apóiam, espalhando "leaks" para todo lado, inclusive para o meu pobre computadorzinho que já hospeda uma pequena montanha deles.

Como previa o Senador, as nuvens cizentas cobriram todos os Estados Unidos da América, todos os envolvidos foram ameaçados, perseguidos, processados.

O The New York Times encarou a parada, parada militar, e aos trancos, barrancos e muitos advogados, seguiu em frente.

Outras publicações, de toda sorte, aderiram e começaram a publicar novas partes do relatório ou simplesmente repercutir o NYT.

O povo foi para as ruas, o país incendiou e a história daquela guerra interna contra a guerra externa nós já conhecemos.

Como Julian, Ellsberg também, depois de algum tempo, processado por roubo e guarda de papéis sigilosos do Governo, entregou-se à polícia, em 1973.

Nunca nos foi dado conhecer, entretanto, a história real da guerra externa de então, a Guerra do Vietnã, a de verdade, apesar de alguns fragmentos paridos a fórceps que nos chegam de tempos e tempos. 

Precisaremos, ainda, de centenas e talvez milhares de Platoons e mais e outros Platoons, com outras e múltiplas abordagens, para que cheguemos à noção mínima da história real. 

E, mais difícil, conseguirmos desvestir as vestes da história com que vestiram a nossa história e que já nos agasalham tão confortávelmente o nosso "conhecimento consolidado".

Desaprender, por exemplo, que a Guerra nunca começou porque os Comunistas do Norte invadiram o Sul.

E reaprender, por exemplo, que o General Ho Chi Min foi um dos mais transigentes, pacientes, tolerantes e pacíficos guerreiros da História. 

Além do grande líder, estrategista, militar, político e diplomata que ele foi e excessivamente tudo isso. 

Com certeza, entre os maiores homens da História.

Fiquei muito orgulhoso e feliz quando das palavras do Exmo. Sr. Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva de justa homenagem, respeito e quase devoção para com um dos remanescentes do Estado-maior do Grande General.

Essa História precisa ser recuperada. 

Precisa ser salva pois tem o poder de salvar.

Por isso, os Julians Assanges são muito importantes.

Para que os vestais da história não consigam assim tão facilmente vestir nossas cabeças.

Entre outras coisas, para que nossos filhos e netos não venham a andar por aí tão maltrapilhos, tão mal vestidos como andamos. 

Ou sejam vítimas de jocosos maltratos por causa de uma aparente "vocação" para a manipulação e a subserviência. 

Tenho a certêza que todos desejamos deixar como herança um mundo onde a ignorância e a burrice estejam sempre fora de moda.

Como fizeram, e continuam fazendo, os homens e mulheres dos "Papéis do Pentágono".

Com seus "Leaks" de 1971 eles ajudaram a mudar o curso da História.

E todos os envolvidos continuaram a ser incansávelmente perseguidos pela Casa Branca até, pelo menos, o fim da admnistração Nixon.

Já neste ano, quando a WikiLeaks vazou as imagens de atrocidades cometidas por helicópteros dos EUA no Iraque (veja trecho na entrevista de Assange ao TED), Ellsberg, do alto de seus 79 anos de idade, não se furtou a vir a público (onde encontrou espaço numa cada vez mais rarefeita mídia livre e corajosa) em defesa da WikiLeaks, de Assange e, principalmente, do abandonado, jogado aos leões, oficial Bradley Manning, que está preso (em Guantânamo, no Afeganistão ou quem sabe onde, se vivo) acusado de ter sido o responsável tanto pelo vazamento das imagens quanto das Mensagens Diplomáticas, os "Cables".

E, ainda ontem, 08 de dezembro, Ellsberg e algumas instituições que ele, outros envolvidos no "Pentagon Papers" e diversas outras autoridades e representates da sociedade fundaram ao longo desse tempo - como o "Instituto pela Retidão Pública" e os "Associados Samuel Adams pela Integridade na Inteligência" -, além de ex-agentes de Serviços de Inteligência, divulgaram forte Nota Pública em apoio ao WikiLeaks e total repúdio às perseguições e ataques em curso contra os envolvidos no caso:


"QUALQUER ataque feito a partir de agora contra a WikiLeaks e Julian Assange terá sido feito contra mim e contra a divulgação dos 'Pentagon Papers' a seu tempo"
Daniel Ellsberg


Como se anda dizendo por aí, Julian Assange pode ser até perigoso.

Mas ainda lhe resta uma longa estrada a trilhar para que possa ser comparado ao "velho" e "muito mau" e bom Ellsberg que entre outras tantas centenas de homenagens e dezenas de reportagens e filmes contando sua história e a história dos "Pentagon Papers", é a personagem protagonista de um premiado documentário, já indicado ao Oscar, com um título muito sugestivo:


O Homem Mais Perigoso da América: 
Daniel Ellsberg e os Papéis do Pentágono.


Torço, firme e convictamente, para que Julian Assange chegue lá.

E que surja logo - e mais de um(a) - O Homem Mais Perigoso do Brasil!

Acho, entrentanto, que já vêm surgindo.

Na Polícia Federal, no Ministério Público, no Congresso Nacional e no próprio Executivo.

Precisamos, enfim, lutar por uma mídia livre para que nossos jornalistas livres possam também se libertar.

A Revolução Dilmagital de Outubro já deu mostras disso.

E, por enquanto, viva os blogueiros - principalmente os "sujos" - do Brasil!

E Viva Nós. O Povo Brasileiro!


8. Assusta, como já não deveria mais de tão comum, aberturas, chamadas, manchetes como a do Jornal Nacional na noite deste 07 de dezembro que proclamou: "o homem que divulgou uma lista de alvos estratégicos para o terrorismo é prêso na Inglaterra...". (como se o WikiLeaks fosse parceiro da Al Qaeda - ou do Governo dos Estados Unidos da América, ou Reino Unido, entre outros, o que parece dar no mesmo - e não do The Guardian, El País e meu!)

Foi uma das coisas mais absurdamente sensacionalistas e manipuladoras que já ouvi.

No "miolo" do JN, a matéria se conduziu até em tons razoáveis.

Contudo, não é preciso ser nenhum expert em Psicologia Comportamental, Manipulação da Informação, Goebbels ou "propaganda na Guerra Fria" para entendermos como funciona esse jogo de espelhos.

Neste caso de frontal afronta (redundância proposital ainda que insuficiente) ao jornalismo objetivado em esclarecer e não turvar os fatos  (como Assange defende abaixo quando fala do seu "Jornalismo Científico"), basta apenas a superior sabedoria popular: a primeira e a última impressão são as que ficam.

A Rede Globo está aqui citada apenas por ter sido o exemplo que acabei de presenciar.

Fui conferir e, procurando mais sobre o assunto, encontrei a matéria escrita, para a Internet, num cantinho discreto provavelmente reservado aos fatos que estão abalando o mundo mas são protagonizados somente por "Big Brothers" de verdade. 

Os textos se encontravam sob a rubrica "SITE POLÊMICO".

Que meigo!

É exatamente como o Julian Assange reporta abaixo: numa hora ele é um terrorista perigosíssimo ameaçando a vida de bilhões de pessoas para, no minuto seguinte, se tornar apenas o editor-chefe daquele "sitezinho" polêmico que publica aqueles vazamentos sem importância nenhuma.

É. 

Acho que ele está na cadeia. 

Mas tem um monte de gente, e já há algum tempo, começando a sentir-se sem a mínima noção de onde fica a saída. 

Isso sem me furtar a esclarecer que o WikiLeaks do Julian Assange está divulgando mais de 250.000 documentos e em parceria com alguns dos mais prestigiosos jornais do planeta.

Em alguns documentos, há listas de áreas que a diplomacia americana considera estratégicas (de cabos de transmissão de dados a estações de trem).

Mas isso não que dizer absolutamente nada e serve para absolutamente coisa nenhuma, principalmente diante das monstruosas aberrações que estão vindo à tona dia após dia.


9. Entre elas, a última (pelo menos até cerca de 01 hora atrás, enquanto escrevo, porque é sempre possível que algo ainda pior já deva ter emergido dos esgotos do mundo), ou uma das últimas, está fazendo os representantes dos Estados Unidos fugirem dos jornalitas como J. Serra de bolinhas-de-papel (quando há cinegrafistas por perto, é claro) durante a Conferência do Clima que está acontecendo agora em Cancún, México. 

O fato é que o Governo dos Estados Unidos da América foi muito além de negociar, pressionar ou até chantagear delegações para fazer valer seus interesses às vésperas e durante a Conferência anterior de Copenhague, onde o Brasil foi o único país a chegar com uma proposta pronta, arrojada, independente de negociações ou barganhas com segundos ou terceiros e metas claras que já estão sendo cumpridas

E onde o Exmo. Sr. Presidente Luís Inácio Lula da Silva, com sua autoridade moral e o apoio do seu Chanceler d'Ouro, obrigou o trabalho noite adentro de vários Chefes-de-Estado (os mais importantes do mundo, diga-se de passagem) para ainda oferecer-lhes um desabrido pito geral pela manhã à Plenária da Conferência, visto que "ninguém parecia é querer acôrdo nenhum". 

E não queriam mesmo. 

É isso que alguns documentos diplomáticos dos EUA revelam nos vazamentos do WikiLeaks. 

Enquanto Brasil, Bolívia, Noruega e muitos outros se arrebentavam de trabalhar e escarneciam por não chegar ao acordo, o "Governo da Solidariedade", defensor incansável da liberdade e da democracia, guardião da paz e do meio ambiente, defensor perpétuo (perdoe-me a blasfêmia Sua Majestade Meu Imperador D. Pedro I) do Planeta Terra, passava o rôdo na boa vontade alheia, subornando, oferecendo propina deletéria, corrompendo convictamente com dinheiro vivo os chefes-de-estado e representantes das delegações de países menores para que nenhum acôrdo passasse e os donos mundo pudessem continuar a dispor do seu mundo e matar nosso mundo sem maiores prejuízos imediatos.

Como sempre, arrogância e burrice, sinônimos inseparáveis. 

E, como nunca, numa espécie de elegia abortiva, 
dinheiro vivo abertamente dedicado à morte humana. 

À minha morte. 

À sua morte, caro leitor. 

À morte de nossos filhos.


10. Contudo, o terrorista aqui é Julian Assange com sua arma de destruição em massa: o WikiLeaks.

Talvez esse seu "texto-bomba" abaixo lhe justifique, de alguma forma, a deferente alcunha.
E que seja o último antes de uma prisão sua.
Mas que seja o último tão somente antes do próximo.
Eu espero. E defenderei isso.


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"A Verdade Vencerá Sempre"
por Julian Assange

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OBS.: TRADUÇÃO LIVRE
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Em 1958, um jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor do "Adelaide's The News", escreveu:

"Na corrida entre o segredo e a verdade, parece inevitável que a verdade sempre vença"

Sua observação, talvez, refletia o empenho de seu pai Keith Murdoch em expor que as tropas australianas estavam sendo desnecessariamente sacrificadas por incompetentes comandantes britânicos às margens do Gallipoli. Os britânicos tentaram calá-lo, mas Keith Murdoch não seria silenciado e seus esforços levaram ao encerramento da campanha desastrosa de Gallipoli. 

Quase um século mais tarde, também o WikiLeaks vem publicando sem medo os fatos que precisam ser tornados públicos.

Eu cresci em uma cidade do interior de Queensland, onde as pessoas falavam sem rodeios o que tinham em suas mentes. Eles desconfiavam do grande governo como algo que pode ser corrompido, se não monitorado cuidadosamente. Os dias cinzentos da corrupção no governo de Queensland antes do inquérito Fitzgerald são testemunho do que acontece quando os políticos amordaçam e a imprensa não reporta a verdade.

Essas coisas ficaram comigo. 

O WikiLeaks foi criado em torno desses valores fundamentais. 

A idéia, concebida na Austrália, foi a utilização das tecnologias de Internet em novas maneiras para comunicar a verdade.

O WikiLeaks cunhou um novo tipo de jornalismo:

O Jornalismo Científico.

Trabalhamos com outros meios de comunicação para levar até as pessoas a notícia, mas também para provar que a notícia publicada é verdade.

O Jornalismo Científico permite a leitura de uma notícia, seguida imediatamente de um simples clique levando diretamente ao(s) documento(s) original(is) e/ou fonte(s) que a basearam.

Dessa forma você pode julgar por si mesmo:

  • A história verdadeira?

  • Será que o relato do jornalista foi preciso?

As sociedades democráticas precisam de uma mídia forte e o WikiLeaks é parte dessa mídia.

A mídia ajuda a manter honestos os governos.

O WikiLeaks revelou algumas duras verdades sobre o Iraque e o Afeganistão, e histórias sobre a doentia corrupção corporativa.

As pessoas têm dito que eu sou contra a guerra. Pois que conste: eu não sou. Algumas vezes, as nações precisam ir à guerra, e existem guerras justas. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir para o seu povo sobre essas guerras para, em seguida, pedir a esses mesmos cidadãos que coloquem as suas vidas e o dinheiro de seus impostos na linha-de-fogo em nome daquelas mentiras. Se uma guerra for justificável, então, diga a verdade e as pessoas decidirão apoiá-lo ou não.

Se você já leu alguma das entradas sobre o Afeganistão ou a Guerra do Iraque, as mensagens diplomáticas dos EUA ou qualquer das histórias sobre as coisas que o WikiLeaks revelou, considere o quão importante é para todos os meios a capacidade de poder relatar essas coisas livremente.

O WikiLeaks não é o único editor das mensagens diplomáticas das embaixadas dos EUA.

Outros meios, incluindo o The Guardian (Grã-Bretanha), The New York Times (EUA), El Pais (Espanha), Der Spiegel (Alemanha), têm publicado as mesmas mensagens revisadas.

No entanto, vem sendo o WikiLeaks, como o coordenador dos outros grupos, quem tem apanhado dos ataques mais viciosos e ferozes e recebido todas as acusações do governo dos EUA e de seus coroinhas.

Tenho sido acusado de traição, mesmo sendo um australiano, e não um cidadão dos EUA.
 
Foram dezenas de telefonemas graves dos Estados Unidos da América para que eu seja "levado embora" por forças especiais dos EUA.
 

Sarah Palin diz que eu deveria ser "caçado como Osama bin Laden".
 
Um projeto-de-lei do Partido Republicano tramita no Senado dos Estados Unidos da América para que eu seja declarado uma "ameaça transnacional" e, em conformidade, eliminado.
 

Um assessor de gabinete do Primeiro-Ministro do Canadá tem clamado, na Televisão pública Nacional, pelo meu assassinato.
 
Um blogueiro americano pediu para que meu filho de 20 anos, aqui na Austrália, fosse seqüestrado e maltrado por nenhuma outra razão que não seja chegarem até mim.


E o povo australiano precisa estar atento para nossa desgraça e vergonha diante da sensibilidade de alcoviteiros como do Primeiro-Ministro Gillard (Austrália) e da Secretária de Estado dos EUA que não tiveram uma palavra sequer de crítica dirigida às outras organizações de mídia.

Isso porque o The Guardian, The New York Times e Der Spiegel são antigos e grandes, enquanto o WikiLeaks é ainda jovem e pequeno.

Nós somos os oprimidos.

O governo Gillard está tentando matar o mensageiro porque não quer a verdade da mensagem revelada, incluindo as informações sobre suas próprias negociações diplomáticas e políticas.

Houve qualquer resposta do governo australiano para as numerosas ameaças públicas de violência contra mim e outros profissionais da equipe WikiLeaks?

O mínimo que deveríamos esperar de um Primeiro-Ministro australiano seria defender seus cidadãos contra tais coisas, mas houve apenas alegações inteiramente infundadas de ilegalidade.

O Primeiro-Ministro e, especialmente, o Procurador-Geral têm o mandado e a obrigação de exercer as suas funções com dignidade e acima da brigas.

Restos assegurados,
esses dois apenas pensam em salvar suas peles.

Eles não salvarão!


Toda vez que o WikiLeaks publica a verdade sobre os abusos cometidos pelas agências dos EUA, os políticos australianos cantam um refrão comprovadamente falso em côro com o Departamento de Estado dos EUA:

"Você vai por vidas em risco!
E a Segurança Nacional?
Você vai colocar tropas em perigo!"

Imediatamente depois, logo em seguida, eles dizem que:

"...não há nada de importante
no que o WikiLeaks publica..."

É impossível coexistirem
ambas as "verdades".

Qual delas é "verdade" então?

Nenhuma!


O WikiLeaks tem uma história editorial de quatro anos.

Durante esse tempo, nós mudamos governos inteiros, mas nem uma única pessoa que se saiba foi prejudicada individualmente.

Enquanto isso, os EUA - com a conivência do governo australiano - assassinaram sozinhos milhares de pessoas somente nos últimos meses.


O Secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, admitiu em uma carta ao seu Congresso que nenhuma fonte sensível de informação ou métodos foram comprometidos pela nossa divulgação dos documentos sobre a guerra no Afeganistão.

O Pentágono afirmou que não havia nenhuma evidência de que os relatórios do WikiLeaks tenham levado a que qualquer indivíduo tenha sido prejudicado no Afeganistão.

A OTAN, em Kabul, disse à CNN que não conseguiu encontrar uma única pessoa que precisasse de proteção.

O Departamento de Defesa da Austrália, disse a mesma coisa.

Nenhuma tropa ou fonte australiana foi ferida em decorrência de qualquer coisa que nós tenhamos publicado.


Mas as nossas publicações estão longe de ser desimportantes.

As mensagens diplomáticas dos EUA vêm revelar alguns fatos surpreendentes:

  • Os EUA pediram a seus diplomatas para roubar material humano e informações pessoais de funcionários da ONU e grupos de direitos humanos, incluindo o DNA, impressões digitais, escaneamento de íris, números de cartões-de-crédito, senhas de internet e fotos de identificação, em violação de tratados internacionais. Presumivelmente, os diplomatas australianos na ONU devem fazer parte dos "alvos".

  • O rei Abdullah da Arábia Saudita pediu às autoridades dos EUA na Jordânia e Bahrein que o programa nuclear do Irã seja interrompido por "quaisquer meios disponíveis".

  • O inquérito na Grã-Bretanha sobre o Iraque foi "ajustado" para proteger "os interesses dos EUA".

  • A Suécia é um membro secreto da OTAN e sua cooperação com a Inteligência dos EUA é mantida "à parte" do Parlamento.

  • Os EUA estão jogando duro para conseguir que outros países "tomem conta" dos detidos libertados de Guantânamo. Barack Obama concordou em encontrar com o presidente esloveno somente se a Eslovênia "adotasse" um prisioneiro. Nosso vizinho do Pacífico, Kiribati, recebeu oferta de milhões de dólares para aceitar detidos.


No seu acórdão proferido quanto ao caso "Papéis do Pentágono", a Suprema Corte dos Estados Unidos da América afirmou que "só uma imprensa livre e sem restrições pode efetivamente expor fraudes no governo".

A tempestade que hoje envolve o WikiLeaks reforça a necessidade de defender o direito de todos os meios em revelar a verdade. 




2 comments:

  1. Maravilha!!!
    Só agora comecei a entender o sentido exato da expressão: "...a verdade vos libertará".
    Parabéns humilde blogueiro. E que a Dilma esteja sempre conosco.

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  2. Blogueiro humilde,
    Pelo visto você não é dos que ainda estão reticentes quanto à importância incêndio ideológico causado pelo Wikileaks. Eu também não. Mas o Granma de Cuba, sim. Pelo menos estava. Você tem idéias do porque disso?
    Abraços!
    Democracia de verdade sempre!

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